O best-seller Bringing up Bébé, lançado em 20 países, e que agora chega às livrarias brasileiras, com o nome Crianças francesas não fazem manha, está sendo uma referência mundial sobre educação infantil. Sua autora Pamela Druckerman, uma americana mãe de três filhos, que vive na França há mais de 10 anos, prega em seu livro sobre a velha imposição de limites, que há algum tempo vem sendo deixado de lado pelos pais, e também sobre a importância de rotinas na vida da criança. A educação à Francesa, tem sido uma referencia em vários países. E grande parte desta influência, tem se dado devido ao sucesso do livro de Pamela.
Já algum tempo tenho ouvido falar, de como as crianças de hoje estão cada dia mais birrentas e pirracentas, várias justificativas surgem então para explicar o comportamento dos pequenos, e, em todas elas, a culpa recai sobre os pais. O mais comum de se ouvir é que, os pais perderam o pulso firme com os filho, por passarem a maior parte de seu tempo ausente, envolvido com o trabalho, e quando estão com as crianças tentam recompensa-los de alguma forma, e uma delas e permite que os filhos faça o que querem.
Frases do tipo: Deixa ele, É só hoje, Não faz isso, se não ele vai chorar… Tem feito com que, as criança tenham cada vez mais autonomia com relação aos seus pais.
Antigamente os pais não precisavam de muito para se comunicar, bastava um olhar para entender o nosso lugar, eu ainda peguei um pouco desta criação, e muitos dos pais que também foram criados desta forma, não quiseram ser assim para os seus filhos, o que é comum, nós sempre queremos fazer diferente e sempre dizemos, os meus filhos não vão passar pelo que eu passei, ou quero para o meu filho tudo o que eu não pude ter. Não é errado querer o melhor para os filhos, nem tão pouco livra-los de uma educação tirana. Mas o fato é que, impor regras e limites as crianças são necessário. Faz parte do crescimento da criança, ouvir não, e aprender a lidar com suas frustações, aprender que não se pode ter e fazer o que quer, e que a vida é feita de limites, onde o meu limite termina onde começa o do outro. É fato que os pais precisam ter seu espaço, de tocar a rotina de sua vida como trabalho e vida a dois, e nesse sentido os filhos tem que se adaptar a vida dos pais, e não o contrario.
Na verdade nos pais, nos culpamos, e nos exigimos demais, querendo o melhor para o nossos filhos, e o medo de sacrifica-los com nossas atitudes, tem feito com deixamos as decisões segundo a vontade dos filhos, é por medo de errar, que se tem errado.
Não acho certo, uma criança de dois anos de idade escolher o que vai vestir, ou onde que se sentar em um restaurante por exemplo, sei que para alguns essa minha colocação pode parecer absurda, mas acho que é nas pequenas coisas que se tem perdido os limites, e hoje pais desesperados procuram correr atrás do prejuízo, ao se envergonharem com as pirraças em público, e desrespeitos de seus filhos. Ao se dar autonomia demais a criança, abrimos espaço as birras, se você permite que uma criança de dois anos decida o que vai vestir, achando bonitinho que ela já sabe escolher sua roupa, no dia em que estiver atraso para sair, e ela dê uma crise de choro, porque a roupa que quer vestir está lavando, e a opção que você deu não serve, verá que perdeu sua autonomia, (isso é só um exemplo que fique claro).
É preciso saber dizer não sem maiores, explicações, simplesmente porque você sabe o que melhor e pronto. Segundo os franceses, os pais se perdem muito em justificativas para os pequenos, e se casam, e quando eles crescem e realmente é importante dar explicações, ai usa-se só o não. Não estou dizendo que os franceses são perfeitos, ou que sabem a fórmula perfeita para criar filhos, aliás, nem acho que essa fórmula existe, mas o fato é que, os franceses mantiveram os padrões rígidos com relação a disciplina de seus filhos, e isso tem dado certo, não só pela rigidez, mas pelo valor que se estabelece nas relações.
Será que essa maneira de querer compensar o filho, fazendo a suas vontades, ou não permitindo que ele tenha seus desejos frustrados, garantirá a felicidade dele?! Lembre-se que, um dia eles vão crescer e a vida não os poupará. É preciso sim, ser aquele pai, ou aquela mãe chata que diz não. Eles vão chorar, vão ficar com raiva, vão lhe odiar naquele momento, mas vão crescer e amadurecer, e quando a vida lhe impor algo contra a sua vontade eles saberão lidar com as perda, com as incertezas, com os nãos, pois vocês pais os ensinaram naquele momento em que foram chatos, os valores que se carregam para a vida. Afinal não criamos os filhos para o mundo?!
Conheço uma mãe bem sucedida, com uma boa condição financeira, capaz de dar aos filhos tudo o que eles desejam, no entanto os filhos dessa mãe não recebem mesada, vedem sanduiches. E quando querem sair ou comprar algo, fazem isso com o seu próprio dinheiro, não são revoltados com os pais, muito pelo contrario, vivem um relacionamento muito bonito com eles, e quando ficarem mais velhos amaram ainda mais o seus pais, pelo ensinamento de vida que estão recebendo deles, apreendendo a dar valor ao seu próprio dinheiro, sabendo o verdadeiro valor das coisas. Os pais desses jovens não deram o peixe, mas os ensinaram a pescar.
Muitos de nos pais, com a intenção de dar sempre o melhor para os nossos filhos, não os ensinamos a pescar o seu próprio peixe, esquecemos que não somos eternos, ou que um dia eles vão crescer e ter que viver a sua própria vida, caminhar com suas próprias pernas.
Olhe para o seu marido o seu companheiro, você tem se dedicado a ele também, tem reservado uma parte do seu tempo para curtir um ao outro, ou depois da chegada dos filhos sua vida virou de pernas pro ar, e você não tem tempo de mas nada, se a resposta for essa, talvez esteja na hora de repensar as coisas, de estabelecer novas rotinas, afinal é errando que se aprende. Se arrume, cuide-se, namore, tenha tempo para dialogar, assistir um filme com o seu parceiro, porque quando os filhos forem embora, porque uma dia eles vão, ele é único que estará do seu lado, por isso não deixe que um vazio se estabeleça entre vocês, e que a única coisa que os unam seja os filhos, para que no futuro você não sofra a síndrome de um ninho vazio.
Enquanto escrevo essas linhas, sinto que aprendo com elas, não sou um exemplo, sei que há muito em mim que precisar se mudado. A maternidade faz com que nós mulheres esqueçamos, do que somos, a dedicação total acaba nos consumindo, é algo tão natural que não percebemos.
Em minha opinião, não devemos apenas importar uma cultura diferente como a dos franceses, como um padrão a ser seguido a risca, e sim procurar aprender com eles, e criar o nosso próprio modelo. Afinal nós pais precisamos aprender que é impossível fazer os nossos filhos felizes o tempo todo, ou impedir que eles vivam algo negativo, não é esse o nosso papel, mais sim de ensinar a eles a passar por problemas, frustrações e conflitos, mostrando–os que existe valores nas pequenas coisas, e que esse valores é que se carrega para a vida.
Veja a entrevista de Pamela Druckerman, dada a revista Veja clicando aqui
Foto: Reprodução Internet